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ANÁLISE SEMIÓTICA GREIMASIANA: CD DEPOIS DA GUERRA – OFICINA G3


A Semiótica greimasiana

Primeiramente um breve relato sobre a bibliografia de AlgirdasJuliusGreimas:

Algirdas JulienGreimas nasceu em 9 de março de 1917 em Tula, Rússia, e morreu em 27 de fevereiro de 1992, em Paris. Estudou direito na Lituânia e Linguística em Grenoble. Lecionou em Alexandria, Ancara, Istambul e Poitiers, foi professor na Escola de Ciências Sociais para Estudos de Pós-Graduação, em Paris. De 1965 em frente, encabeçou a pesquisa semiótica-linguística em Paris, estabelecendo as fundações da Escola de Semiótica de Paris.

Desenvolvida por A. J. Greimas, conhecida por semiótica greimasiana, ou estruturalista, é vista como uma teoria que pode ser aplicada a quase todos os sistemas de linguagem (verbal, imagética, cinematográfica, etc.) em qualquer época, sem que para isso seja preciso construir uma nova teoria a cada objeto estudado. Para construir o sentido de texto na Semiótica greimasiana é necessário seguir um percurso gerativo de sentido no plano do conteúdo do objeto analisado. O percurso gerativo é formado por três níveis – fundamental, narrativo e discursivo –, distintos em suas formas de análise, mas dependentes entre si para o pleno entendimento do texto e vai da análise mais simples a mais complexa.



NÍVEL FUNDAMENTAL

SEMÂNTICA

Desdobrando o nível fundamental, Fiorin (1997) abre destaque para as categorias semânticas que estão na base da construção de um texto. Essas categorias semânticas, por sua vez, estabelecem entre si uma relação de contrariedade.

Na capa do CD DEPOIS DA GUERRA a categoria semântica fundamental que vem à tona e que caracteriza o conteúdo geral do mesmo é: PAZ x GUERRA (Com certeza, podendo também ser interpretadas como vida x morte, começo x fim, construção x destruição). Isso, porque as casas em ruínas, os arames farpados, as construções abandonadas, nos remete a um cenário de destruição, de Guerra, de morte. Já a imagem do céu se abrindo, o amanhecer, a neblina se dissipando, a rosa nascendo e a calmaria nos remete a um cenário de PAZ, de esperança, de vida

SINTAXE

Além das categorias semânticas, o nível fundamental possui a sua sintaxe que abrange as operações de negação e de asserção. Na primeira delas ocorre "a afirmação de a, negação de a, afirmação de b". Já na segunda, ocorre "a afirmação de b, negação de b e afirmação de a" (FIORIN, 1997, p. 20).

Nessa linha de raciocínio percebe-se então que na capa do Cd Depois da guerra num cenário de destruição, de guerra, de mortes, não haja espaço para o nascimento de uma nova vida. Assim, sob esse outro olhar, poder-se-ia dizer que as categorias sintáticas que se apresentam seriam: vida X morte, pois para que uma rosa nascesse no meio de tanta destruição, outras foram mortas, na destruição que a guerra trouxe.

Nesse sentido, observa-se que a imagem afirma a guerra e a destruição, nega que a destruição tenha sido total e afirma a vida no nascimento da rosa e, assim, por meio de operações de afirmação e negação temos a guerra como valor negativo disfórico e a paz como valor positivo eufórico.

NÍVEL NARRATIVO

SINTAXE

Para Fiorin (1997, p.21), narratividade não só é elemento componente de todos os textos, como também uma transformação situada entre dois estados, inicial e final, sucessivos e diferentes. Ou seja, quando se tem um estado inicial, uma transformação e um estado final em que o sujeito passa de um estado inicial de não saber a um estado final de um saber adquirido, a partir de um ponto de vista único, ocorre uma narrativa mínima. Já a narração, ainda segundo o autor, diz respeito a uma determinada classe de textos e constitui a classe de discurso em que estados e transformações estão ligados a personagens individualizadas.

Tem-se, então, que na sintaxe narrativa existem dois tipos de enunciados elementares, a saber: enunciados de estado e enunciados de fazer. Como há dois tipos de enunciados de estado existem duas espécies de narrativas mínimas: a de privação e a de liquidação de uma privação.

Na de privação, tem-se um estado inicial conjunto e um estado final disjunto, que ocorre entre a cidade destruída em conjunção com a guerra, e depois com o nascimento de uma rosa nesse cenário, entra em disjunção com a guerra.

Na narrativa de liquidação de uma privação ocorre o contrário: um estado inicial disjunto e um final conjunto, o que ocorreu com a cidade destruída da capa do cd, já que no início ela está em disjunção com a paz, e com o nascer da rosa em meio a destruição, a cidade destruída entra em conjunção a paz.

Enquanto nos enunciados de estado se estabelecem uma relação de junção ou conjunção entre um sujeito e um objeto, nos enunciados de fazer ocorrem as transformações que correspondem à passagem de um estado a outro.

SUJEITO DE ESTADO: CIDADE DESTRUÍDA

SUJEITO DE FAZER: A ROSA

Então temos a cidade destruída como o sujeito de estado que sofre a transformação pelo sujeito de fazer a rosa.

Todas as pessoas em algum momento da vida passam por alguns momentos difíceis, problemas, lutas pessoais e espirituais, guerra contra algo, mas assim como a rosa nascendo em meio a toda essa destruição, sempre há uma solução, uma esperança, uma maneira de recomeçar.

Desta maneira, As músicas do cd Depois da Guerra é o objeto valor que trazem uma mensagem de esperança e paz. Assim, podemos apresentar o seguinte programa narrativo:

PN=F[S¹à(S² ÇOv)]

PN = F(msg de recomeço, vida e paz) [S1 (Rosa) → S2 (cidade destruída) ∩ Ov (Cd Oficina G3)]

PN = programa narrativo

F= função

à= transformação

S¹= sujeito do fazer

S² = sujeito do estado

Ç= conjunção

Ov = objeto valor

A cidade destruída age manipulando o sujeito rosa por intimidação, identificando que nada pode nascer depois da guerra.

Dentro da Estrutura Narrativa os enunciados podem ser agrupados em quatro fases distintas:

manipulação

competência

performance

sanção

MANIPULAÇÃO:

Um personagem induz outro a fazer alguma coisa. O que vai fazer precisa: QUERER ou DEVER.

A cidade destruída age manipulando o sujeito rosa por intimidação, identificando que nada pode nascer depois da guerra e que ela deve morrer.

A Rosa age manipulando o sujeito cidade destruída por infusão, passando uma mensagem de esperança e de que sim pode haver vida depois da Guerra e de que ela quer viver.

COMPETÊNCIA: O sujeito do fazer adquire um SABER e um PODER:

A Rosa sabe que pode crescer vida naquele lugar...

PERFORMANCE: O sujeito do fazer executa sua ação:

Então a Rosa começa a crescer mesmo em meio aos arames farpados...

SANÇÃO: O sujeito do fazer recebe castigo ou recompensa:

A Rosa é recompensada nascendo em meio à destruição, trazendo vida àquele lugar.

SEMÂNTICA

No percurso gerativo de sentido, a semântica narrativa é o momento em que os elementos semânticos são selecionados e relacionados com os sujeitos. Todas as ações do sujeito podem ser resumidas e entendidas por um único verbo: o “fazer”. A semiótica greimasiana entende a ação (o fazer) do sujeito da enunciação como diferentes combinações: o querer, o dever, o poder e o saber – os chamados verbos modais.

Temos então dois tipos de objetos: objetos modais e objetos de valor.

Os modais são: o querer, o dever, o saber e o poder fazer, elementos, estes, necessários para a realização da performance principal.

Os de valor são aqueles que entram em conjunção ou disjunção na performanceprincipal. É o objetivo final do sujeito de busca.

No caso do cd, a Rosa possuidora dos objetos modais: querer viver; saber que ela pode nascer mesmo em meio à destruição; ter o dever de fazê-lo frente à falta de vida e o de poder fazê-lo, por possuir características que a colocam em disjunção na cidade destruída, vai à busca do objeto-valor: Vida, assim no final a Rosa entra em conjunção com a vida nascendo em meio à morte.

NÍVEL DISCURSIVO

SINTAXE

O objeto da sintaxe narrativa é explicar as relações do sujeito da enunciação com o discurso – enunciado e também as relações que se estabelecem entre o enunciador e o enunciatário.

Enunciador: O sujeito da enunciação é sempre um eu, que opera ao realizar o discurso, no espaço do aqui e no tempo do agora.

Oficina G3 é uma banda cristã de rock formada em São Paulo, Brasil. Foi fundada por Juninho Afram, Wagner García e Walter Lopes, no fim dos anos 1980. Em atividade desde 1987, passou por vários estilos musicais, como o hard rock e pop rock, até chegar ao metal progressivo atual, e influências de nu metal, metal core, entre outros, tendo várias formações ao longo dos anos.

A banda mudou os seus rumos ao fim da década de 1990, quando o cantor Pedro Geraldo Mazza (PG) entrou no lugar de Luciano Manga. Grande parte do apelo de "banda de rock pesado" foi deixada de lado, e a banda passou a ter um estilo mais guiado pelo pop rock. Foi a fase de maior popularidade da banda, ganhando novos fãs, principalmente após a assinatura com a gravadora MK Publicitá. Porém, após a saída de PG em 2003, o Oficina G3 novamente tornou-se uma banda mais voltada ao peso do rock, mais especificamente o metal progressivo.

Atualmente composta por cinco integrantes: o vocalista Mauro Henrique, o tecladista Jean Carllos, o baixista DucaTambasco, o baterista Alexandre Aposan e o guitarrista Juninho Afram, o qual é o único integrante original.

Enunciatários:

Tornaram-se ícones do incipiente gênero do rock cristão brasileiro, tornando-se conhecidos entre os admiradores desse estilo no país. Apesar de, em parte, terem sido rejeitados por muitos pastores e lideranças religiosas, o visual da banda, com integrantes tatuados e de cabelos compridos, em geral atraía o público cristão jovem.

Enunciado:

CD Depois da Guerra é o décimo álbum da banda Oficina G3, o quinto lançado pela gravadora MK Music em 2008.

O Álbum também vem como uma mudança na fase musical da banda, já que nesse cd é mais rock'n'roll que o anterior.

São 15 faixas, que trazem o mais puro rock com duração de 70 min, com músicas que trazem em suas letras mensagens de paz, de força, de vida e esperança.

SEMÂNTICA

Tematização

Dando sequência à análise semiótica do nível discursivo vê-se a predominância de um texto figurativo no qual se descreve um tema força, de esperança, de paz, e de vida, de renascimento, de ressurreição.

Figurativização:

A cidade destruída, onde enxergamos várias casas em ruínas, arames farpados, as construções abandonadas, folhas secas no chão, mostram que ali houve uma guerra e morte.

O céu se abrindo, o amanhecer, o clarear do dia, nos diz que ali o tempo esteve fechado, escuro, sombrio

A rosa vermelha nascendo com folhas verdes, também ao versículo onde Jesus Cristo é chamado de A Rosa de Saron. Aquele que venceu a morte “EU sou a rosa de Saron,o lírio dos vales.” Cantares 2;1

As pétalas caindo do céu que se abre e ilumina, é como a graça de Deus derramando esperança de vida, ou o espírito de Deus descendo sobre Jesus na cruz.

BIBLIOGRAFIA

FIORIN, José Luiz. Elementos de Análise do Discurso. 6.ed. São Paulo: Contexto, 1997.

BARROS, D. L. P. Estudos do Discurso. In: FIORIN, L. F. Introdução à Linguística II. Princípios de Análise. 2. Ed. São Paulo: Contexto, 2003,.p. 187-218.

http://www.artigonal.com/ficcao-artigos/o-percurso-gerativo-na-analise-semiotica-do-conto-machadiano-pai-contra-mae-4874487.html

http://www.soartigos.com/artigo/6048/HANDCUFFS:-UMA-ANALISE-GREIMASIANA-DA-PROPAGAGANDA-DA-BENETTON/

http://artigos.netsaber.com.br/resumo_artigo_7861/artigo_sobre_o_lobo_e_o_cordeiro_:_uma_leitura_semiotica_greimasiana

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